quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Pronome

Pronome:

É palavra variável em gênero, número e pessoa que substitui ou acompanha um substantivo, indicando-o como pessoa do discurso.
A diferença entre pronome substantivo e pronome adjetivo pode ser atribuída a qualquer tipo de pronome, podendo variar em função do contexto frasal. Assim, o pronome substantivo é aquele que substitui um substantivo, representando-o. (Ele prestou socorro). Já o pronome adjetivo é aquele que acompanha um substantivo, determinando-o. (Aquele rapaz é belo). Os pronomes pessoais são sempre substantivos.
Quanto às pessoas do discurso, a língua portuguesa apresenta três pessoas:
1ª pessoa – aquele que fala, emissor;
2ª pessoa – aquele com quem se fala, receptor;
3ª pessoa – aquele de que ou de quem se fala, referente.

Pronome pessoal:

Indicam uma das três pessoas do discurso, substituindo um substantivo. Podem também representar, quando na 3ª pessoa, uma forma nominal anteriormente expressa (A moça era a melhor secretária, ela mesma agendava os compromissos do chefe).
A seguir um quadro com todas as formas do pronome pessoal:
Pronomes pessoais
NúmeroPessoaPronomes retosPronomes oblíquos
ÁtonosTônicos
singularprimeira
segunda
terceira
eu
tu
ele, ela
me
te
o, a, lhe, se
mim, comigo
ti, contigo
ele, ela,
 si, consigo
pluralprimeira
segunda
terceira
nós
vós
eles, elas
nos
vos
os, as, lhes, se
nós,
 conosco
vós, convosco
eles, elas,
si, consigo
Os pronomes pessoais apresentam variações de forma dependendo da função sintática que exercem na frase. Os pronomes pessoais retos desempenham, normalmente, função de sujeito; enquanto os oblíquos, geralmente, de complemento.
Os pronomes oblíquos tônicos devem vir regidos de preposição. Em comigo, contigo, conosco e convosco, a preposição com já é parte integrante do pronome.
Os pronomes de tratamento estão enquadrados nos pronomes pessoais. São empregados como referência à pessoa com quem se fala (2ª pessoa), entretanto, a concordância é feita com a 3ª pessoa. Também são considerados pronomes de tratamento as formas você, vocês (provenientes da redução de Vossa Mercê), Senhor, Senhora e Senhorita.
Quanto ao emprego, as formas oblíquas o, a, os, as completam verbos que não vêm regidos de preposição; enquanto lhe e lhes para verbos regidos das preposições a ou para (não expressas).
Apesar de serem usadas pouco, as formas mo, to, no-lo, vo-lo, lho e flexões resultam da fusão de dois objetos, representados por pronomes oblíquos (Ninguém mo disse = ninguém o disse a mim).
Os pronomes átonos o, a, os e as viram lo(a/s), quando associados a verbos terminados em r, s ou z e viram no(a/s), se a terminação verbal for em ditongo nasal.
Os pronomes o/a (s), me, te, se, nos, vos desempenham função se sujeitos de infinitivo ou verbo no gerúndio, junto ao verbo fazer, deixar, mandar, ouvir e ver (Mandei-o entrar / Eu o vi sair / Deixei-as chorando).
A forma você, atualmente, é usada no lugar da 2ª pessoa (tu/vós), tanto no singular quanto no plural, levando o verbo para a 3ª pessoa.
Já as formas de tratamento serão precedidas de Vossa, quando nos dirigirmos diretamente à pessoa e de Sua, quando fizermos referência a ela. Troca-se na abreviatura o V. pelo S.
Quando precedidos de preposição, os pronomes retos (exceto eu e tu) passam a funcionar como oblíquos. Eu e tu não podem vir precedidos de preposição, exceto se funcionarem como sujeito de um verbo no infinitivo (Isto é para eu fazer ≠ para mim fazer).
Os pronomes acompanhados de só ou todos, ou seguido de numeral, assumem forma reta e podem funcionar como objeto direto (Estava só ele no banco / Encontramos todos eles).
Os pronomes me, te, se, nos, vos podem ter valor reflexivo, enquanto se, nos, vos – podem ter valor reflexivo e recíproco.
As formas si e consigo têm valor exclusivamente reflexivo e usados para a 3ª pessoa. Já conosco e convosco devem aparecer na sua forma analítica (com nós e com vós) quando vierem com modificadores (todos, outros, mesmos, próprios, numeral ou oração adjetiva).
Os pronomes pessoais retos podem desempenhar função de sujeito, predicativo do sujeito ou vocativo, este último com tu e vós (Nós temos uma proposta / Eu sou eu e pronto / Ó, tu, Senhor Jesus).
Quanto ao uso das preposições junto aos pronomes, deve-se saber que não se pode contrair as preposições de e em com pronomes que sejam sujeitos (Em vez de ele continuar, desistiu ≠ Vi as bolsas dele bem aqui).
Os pronomes átonos podem assumir valor possessivo (Levaram-me o dinheiro / Pesavam-lhe os olhos), enquanto alguns átonos são partes integrantes de verbos como suicidar-se, apiedar-se, condoer-se, ufanar-se, queixar-se, vangloriar-se.
Já os pronomes oblíquos podem ser usados como expressão expletiva (Não me venha com essa).

Pronome possessivo:

Fazem referência às pessoas do discurso, apresentando-as como possuidoras de algo. Concordam em gênero e número com a coisa possuída.
São pronomes possessivos da língua portuguesa as formas:
1ª pessoa: meu(s), minha(s) nosso(a/s);
2ª pessoa: teu(s), tua(s) vosso(a/s);
3ª pessoa: seu(s), sua(s) seu(s), sua(s).
Quanto ao emprego, normalmente, vem antes do nome a que se refere; podendo, também, vir depois do substantivo que determina. Neste último caso, pode até alterar o sentido da frase.
O uso do possessivo seu (a/s) pode causar ambigüidade, para desfazê-la, deve-se preferir o uso do dele (a/s) (Ele disse que Maria estava trancada em sua casa – casa de quem?); pode também indicar aproximação numérica (ele tem lá seus 40 anos).
Já nas expressões do tipo “Seu João”, seu não tem valor de posse por ser uma alteração fonética de Senhor.

Pronome demonstrativo:

Indicam posição de algo em relação às pessoas do discurso, situando-o no tempo e/ou no espaço. São: este (a/s), isto, esse (a/s), isso, aquele (a/s), aquilo. Isto, isso e aquilo são invariáveis e se empregam exclusivamente como substitutos de substantivos.
As formas mesmo, próprio, semelhante, tal (s) e o (a/s) podem desempenhar papel de pronome demonstrativo.
Quanto ao emprego, os pronomes demonstrativos apresentam-se da seguinte maneira:
  • uso dêitico, indicando localização no espaço – este (aqui), esse (aí) e aquele (lá);
  • uso dêitico, indicando localização temporal – este (presente), esse (passado próximo) e aquele (passado remoto ou bastante vago);
  • uso anafórico, em referência ao que já foi ou será dito – este (novo enunciado) e esse (retoma informação);
  • o, a, os, as são demonstrativos quando equivalem a aquele (a/s), isto (Leve o que lhe pertence);
  • tal é demonstrativo se puder ser substituído por esse (a), este (a) ou aquele (a) e semelhante, quando anteposto ao substantivo a que se refere e equivalente a “aquele”, “idêntico” (O problema ainda não foi resolvido, tal demora atrapalhou as negociações / Não brigue por semelhante causa);
  • mesmo e próprio são demonstrativos, se precedidos de artigo, quando significarem “idêntico”, “igual” ou “exato”. Concordam com o nome a que se referem (Separaram crianças de mesmas séries);
  • como referência a termos já citados, os pronomes aquele (a/s) e este (a/s) são usados para primeira e segunda ocorrências, respectivamente, em apostos distributivos (O médico e a enfermeira estavam calados: aquele amedrontado e esta calma / ou: esta calma e aquele amedrontado);
  • pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com os pronomes demonstrativos (Não acreditei no que estava vendo / Fui àquela região de montanhas / Fez alusão à pessoa de azul e à de branco);
  • podem apresentar valor intensificador ou depreciativo, dependendo do contexto frasal (Ele estava com aquela paciência / Aquilo é um marido de enfeite);
  • nisso e nisto (em + pronome) podem ser usados com valor de “então” ou “nesse momento” (Nisso, ela entrou triunfante – nisso = advérbio).

Pronome relativo:

Retoma um termo expresso anteriormente (antecedente) e introduz uma oração dependente, adjetiva.
Os pronomes demonstrativos apresentam-se da seguinte maneira: mento, armamentos. relativos são: que, quem e onde – invariáveis; além de o qual (a/s), cujo (a/s) e quanto (a/s).
Os relativos são chamados relativos indefinidos quando são empregados sem antecedente expresso (Quem espera sempre alcança / Fez quanto pôde).
Quanto ao emprego, observa-se que os relativos são usados quando:
  • o antecedente do relativo pode ser demonstrativo o (a/s) (O Brasil divide-se entre os que lêem ou não);
  • como relativo, quanto refere-se ao antecedente tudo ou todo (Ouvia tudo quanto me interessava)
  • quem será precedido de preposição se estiver relacionado a pessoas ou seres personificados expressos;
  • quem = relativo indefinido quando é empregado sem antecedente claro, não vindo precedido de preposição;
  • cujo (a/s) é empregado para dar a idéia de posse e não concorda com o antecedente e sim com seu conseqüente. Ele tem sempre valor adjetivo e não pode ser acompanhado de artigo.

Pronome indefinido:

Referem-se à 3ª pessoa do discurso quando considerada de modo vago, impreciso ou genérico, representando pessoas, coisas e lugares. Alguns também podem dar idéia de conjunto ou quantidade indeterminada. Em função da quantidade de pronomes indefinidos, merece atenção sua identificação.
São pronomes indefinidos de:
  • pessoas: quem, alguém, ninguém, outrem;
  • lugares: onde, algures, alhures, nenhures;
  • pessoas, lugares, coisas: que, qual, quais, algo, tudo, nada, todo (a/s), algum (a/s), vários (a), nenhum (a/s), certo (a/s), outro (a/s), muito (a/s), pouco (a/s), quanto (a/s), um (a/s), qualquer (s), cada.
Sobre o emprego dos indefinidos devemos atentar para:
  • algum, após o substantivo a que se refere, assume valor negativo (= nenhum) (Computador algum resolverá o problema);
  • cada deve ser sempre seguido de um substantivo ou numeral (Elas receberam 3 balas cada uma);
  • alguns pronomes indefinidos, se vierem depois do nome a que estiverem se referindo, passam a ser adjetivos. (Certas pessoas deveriam ter seus lugares certos / Comprei várias balas de sabores vários)
  • bastante pode vir como adjetivo também, se estiver determinando algum substantivo, unindo-se a ele por verbo de ligação (Isso é bastante para mim);
  • o pronome outrem equivale a “qualquer pessoa”;
  • o pronome nada, colocado junto a verbos ou adjetivos, pode equivaler a advérbio (Ele não está nada contente hoje);
  • o pronome nada, colocado junto a verbos ou adjetivos, pode equivaler a advérbio (Ele não está nada contente hoje);
  • existem algumas locuções pronominais indefinidas – quem quer que, o que quer, seja quem for, cada um etc.
  • todo com valor indefinido antecede o substantivo, sem artigo (Toda cidade parou para ver a banda ≠ Toda a cidade parou para ver a banda).

Pronome interrogativo:

São os pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto usados na formulação de uma pergunta direta ou indireta. Referem-se à 3ª pessoa do discurso. (Quantos livros você tem? / Não sei quem lhe contou).
Alguns interrogativos podem ser adverbiais (Quando voltarão? / Onde encontrá-los? / Como foi tudo?).

Adjetivo

Adjetivo

É a palavra variável que restringe a significação do substantivo, indicando qualidades e características deste. Mantém com o substantivo que determina relação de concordância de gênero e número.
  • adjetivos pátrios: indicam a nacionalidade ou a origem geográfica, normalmente são formados pelo acréscimo de um sufixo ao substantivo de que se originam (Alagoas por alagoano). Podem ser simples ou compostos, referindo-se a duas ou mais nacionalidades ou regiões; nestes últimos casos assumem sua forma reduzida e erudita, com exceção do último elemento (franco-ítalo-brasileiro).
  • locuções adjetivas: expressões formadas por preposição e substantivo e com significado equivalente a adjetivos (anel de prata = anel argênteo / andar de cima = andar superior / estar com fome = estar faminto).
São adjetivos eruditos:
  • açúcar – sacarino;
  • águia – aquilino;
  • anel – anular;
  • astro – sideral;
  • bexiga – vesical;
  • bispo – episcopal;
  • cabeça – cefálico;
  • chumbo – plúmbeo;
  • chuva – pluvial;
  • cinza – cinéreo;
  • cobra – colubrino, ofídico;
  • dinheiro – pecuniário;
  • estômago – gástrico;
  • fábrica – fabril;
  • fígado – hepático;
  • fogo – ígneo;
  • guerra – bélico;
  • homem – viril;
  • inverno – hibernal;
  • lago – lacustre;
  • lebre – leporino;
  • lobo – lupino;
  • marfim – ebúrneo, ebóreo;
  • memória – mnemônico;
  • moeda – monetário, numismático;
  • neve – níveo;
  • pedra – pétreo;
  • prata – argênteo, argentino, argírico;
  • raposa – vulpino;
  • rio – fluvial, potâmico;
  • rocha – rupestre;
  • sonho – onírico;
  • sul – meridional, austral;
  • tarde – vespertino;
  • velho, velhice – senil;
  • vidro – vítreo, hialino.
Quanto à variação dos adjetivos, eles apresentam as seguintes características:
O gênero é uniforme ou biforme (inteligente X honesto[a]). Quanto ao gênero, não se diz que um adjetivo é masculino ou feminino, e sim que tem terminação masculina ou feminina.
No tocante a número, os adjetivos simples formam o plural segundo os mesmos princípios dos substantivos simples, em função de sua terminação (agradável X agradáveis). Já os substantivos utilizados como adjetivos ficam invariáveis (blusas cinza).
Os adjetivos terminados em -OSO, além do acréscimo do -S de plural, mudam o timbre do primeiro -o, num processo de metafonia.
Quanto ao grau, os adjetivos apresentam duas formas: comparativo e superlativo.
O grau comparativo refere-se a uma mesma qualidade entre dois ou mais seres, duas ou mais qualidades de um mesmo ser. Pode ser de igualdade: tão alto quanto (como / quão); de superioridade: mais alto (do) que (analítico) / maior (do) que (sintético) e de inferioridade: menos alto (do) que.
O grau superlativo exprime qualidade em grau muito elevado ou intenso.
O superlativo pode ser classificado como absoluto, quando a qualidade não se refere à de outros elementos. Pode ser analítico (acréscimo de advérbio de intensidade) ou sintético (-íssimo, -érrimo, -ílimo). (muito alto X altíssimo)
O superlativo pode ser também relativo, qualidade relacionada, favorável ou desfavoravelmente, à de outros elementos. Pode ser de superioridade analítico (o mais alto de/dentre), de superioridade sintético (o maior de/dentre) ou de inferioridade (o menos alto de/dentre).
São superlativos absolutos sintéticos eruditos da língua portuguesa:
  • acre – acérrimo;
  • alto – supremo, sumo;
  • amável – amabilíssimo;
  • amigo – amicíssimo;
  • baixo – ínfimo;
  • cruel – crudelíssimo;
  • doce – dulcíssimo;
  • dócil – docílimo;
  • fiel – fidelíssimo;
  • frio – frigidíssimo;
  • humilde – humílimo;
  • livre – libérrimo;
  • magro – macérrimo;
  • mísero – misérrimo;
  • negro – nigérrimo;
  • pobre – paupérrimo;
  • sábio – sapientíssimo;
  • sagrado – sacratíssimo;
  • são – saníssimo;
  • veloz – velocíssimo.
Os adjetivos compostos formam o plural da seguinte forma:
  • têm como regra geral, flexionar o último elemento em gênero e número (lentes côncavo-convexas, problemas sócio-econômicos);
  • são invariáveis cores em que o segundo elemento é um substantivo (blusas azul-turquesa, bolsas branco-gelo);
  • não variam as locuções adjetivas formadas pela expressão cor-de-… (vestidos cor-de-rosa);
  • as cores: azul-celeste e azul-marinho são invariáveis;
  • em surdo-mudo flexionam-se os dois elementos.

Substantivo


As palavras são classificadas de acordo com as funções exercidas nas orações.
Na língua portuguesa podemos classificar as palavras em:
  • Substantivo
  • Adjetivo
  • Pronome
  • Verbo
  • Artigo
  • Numeral
  • Advérbio
  • Preposição
  • Interjeição
  • Conjunção

1 Substantivo:

É a palavra variável que denomina qualidades, sentimentos, sensações, ações, estados e seres em geral.
Quanto a sua formação, o substantivo pode ser primitivo (jornal) ou derivado (jornalista), simples (alface) ou composto (guarda-chuva).
Já quanto a sua classificação, ele pode ser comum (cidade) ou próprio (Curitiba), concreto (mesa) ou abstrato (felicidade).
Os substantivos concretos designam seres de existência real ou que a imaginação apresenta como tal: alma, fada, santo. Já os substantivos abstratos designam qualidade, sentimento, ação e estado dos seres: beleza, cegueira, dor, fuga.
Os substantivos próprios são sempre concretos e devem ser grafados com iniciais maiúsculas.
Certos substantivos próprios podem tornar-se comuns, pelo processo de derivação imprópria (um judas = traidor / um panamá = chapéu).
Os substantivos abstratos têm existência independente e podem ser reais ou não, materiais ou não. Quando esses substantivos abstratos são de qualidade tornam-se concretos no plural (riqueza X riquezas).
Muitos substantivos podem ser variavelmente abstratos ou concretos, conforme o sentido em que se empregam (a redação das leis requer clareza / na redação do aluno, assinalei vários erros).
Já no tocante ao gênero (masculino X feminino) os substantivos podem ser:
  • biformes: quando apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino. (rato, rata ou conde X condessa).
  • uniformes: quando apresentam uma única forma para ambos os gêneros. Nesse caso, eles estão divididos em:
  • epicenos: usados para animais de ambos os sexos (macho e fêmea) – albatroz, badejo, besouro, codorniz;
  • comum de dois gêneros: aqueles que designam pessoas, fazendo a distinção dos sexos por palavras determinantes – aborígine, camarada, herege, manequim, mártir, médium, silvícola;
  • sobrecomuns - apresentam um só gênero gramatical para designar pessoas de ambos os sexos – algoz, apóstolo, cônjuge, guia, testemunha, verdugo;
Alguns substantivos, quando mudam de gênero, mudam de sentido. (o cisma X a cisma / o corneta X a corneta / o crisma X a crisma / o cura X a cura / o guia X a guia / o lente X a lente / o língua X a língua / o moral X a moral / o maria-fumaça X a maria-fumaça / o voga X a voga).
Os nomes terminados em -ão fazem feminino em -ã, -oa ou -ona (alemã, leoa, valentona).
Os nomes terminados em -e mudam-no para -a, entretanto a maioria é invariável (monge X monja, infante X infanta, mas o/a dirigente, o/a estudante).
Quanto ao número (singular X plural), os substantivos simples formam o plural em função do final da palavra.vogal ou ditongo (exceto -ÃO): acréscimo de -S (porta X portas, troféu X troféus);ditongo -ÃO: -ÕES / -ÃES / -ÃOS, variando em cada palavra (pagãos, cidadãos, cortesãos, escrivães, sacristães, capitães, capelães, tabeliães, deães, faisães, guardiães).
  • Os substantivos paroxítonos terminados em -ão fazem plural em -ãos (bênçãos, órfãos, gólfãos). Alguns gramáticos registram artesão (artífice) – artesãos e artesão (adorno arquitetônico) – artesões.-EM, -IM, -OM, -UM: acréscimo de -NS (jardim X jardins);-R ou -Z: -ES (mar X mares, raiz X raízes);-S: substantivos oxítonos acréscimo de -ES (país X países). Os não-oxítonos terminados em -S são invariáveis, marcando o número pelo artigo (os atlas, os lápis, os ônibus), cais, cós e xis são invariáveis;-N: -S ou -ES, sendo a última menos comum (hífen X hifens ou hífenes), cânon > cânones;-X: invariável, usando o artigo para o plural (tórax X os tórax);-AL, EL, OL, UL: troca-se -L por -IS (animal X animais, barril X barris). Exceto mal por males, cônsul por cônsules, real (moeda) por réis, mel por méis ou meles;IL: se oxítono, trocar -L por -S. Se não oxítonos, trocar -IL por -EIS. (til X tis, míssil X mísseis.
  • .Observação: réptil / reptil por répteis / reptis, projétil / projetil por projéteis / projetis;sufixo diminutivo -ZINHO(A) / -ZITO(A): colocar a palavra primitiva no plural, retirar o -S e acrescentar o sufixo diminutivo (caezitos, coroneizinhos, mulherezinhas). Observação: palavras com esses sufixos não recebem acento gráfico.metafonia: -o tônico fechado no singular muda para o timbre aberto no plural, também variando em função da palavra. (ovo X ovos, mas bolo X bolos). 
  • Observação:avôs (avô paterno + avô materno), avós (avó + avó ou avô + avó).
  • Os substantivos podem apresentar diferentes graus, porém grau não é uma flexão nominal.
  •  São três graus: normal, aumentativo e diminutivo e podem ser formados através de dois processos:analítico: associando os adjetivos (grande ou pequeno, ou similar) ao substantivo;sintético: anexando-se ao substantivo sufixos indicadores de grau (meninão X menininho).
  • Certos substantivos, apesar da forma, não expressam a noção aumentativa ou diminutiva. (cartão, cartilha).alguns sufixos aumentativo: -ázio, -orra, -ola, -az, -ão, -eirão, -alhão, -arão, -arrão, -zarrão;alguns sufixos diminutivo: -ito, -ulo-, -culo, -ote, -ola, -im, -elho, -inho, -zinho (o sufixo -zinho é obrigatório quando o substantivo terminar em vogal tônica ou ditongo: cafezinho, paizinho);
O aumentativo pode exprimir desprezo (sabichão, ministraço, poetastro) ou intimidade (amigão); enquanto o diminutivo pode indicar carinho (filhinho) ou ter valor pejorativo (livreco, casebre).
Algumas curiosidades sobre os substantivos:
Palavras masculinas:ágape (refeição dos primitivos cristãos);anátema (excomungação);axioma (premissa verdadeira);caudal (cachoeira);carcinoma (tumor maligno);champanha, clã, clarinete, contralto, coma, diabete/diabetes (FeM classificam como gênero vacilante);diadema, estratagema, fibroma (tumor benigno);herpes, hosana (hino);jângal (floresta da Índia);lhama, praça (soldado raso);praça (soldado raso);proclama, sabiá, soprano (FeM classificam como gênero vacilante);suéter, tapa (FeM classificam como gênero vacilante);teiró (parte de arma de fogo ou arado);telefonema, trema, vau (trecho raso do rio).
Palavras femininas:abusão (engano);alcíone (ave doa antigos);aluvião, araquã (ave);áspide (reptil peçonhento);baitaca (ave);cataplasma, cal, clâmide (manto grego);cólera (doença);derme, dinamite, entorce, fácies (aspecto);filoxera (inseto e doença);gênese, guriatã (ave);hélice (FeM classificam como gênero vacilante);jaçanã (ave);juriti (tipo de aves);libido, mascote, omoplata, rês, suçuarana (felino);sucuri, tíbia, trama, ubá (canoa);usucapião (FeM classificam como gênero vacilante);xerox (cópia).
Gênero vacilante:acauã (falcão);inambu (ave);laringe, personagem (Ceg. fala que é usada indistintamente nos dois gêneros, mas que há preferência de autores pelo masculino);víspora.
Alguns femininos:abade – abadessa;abegão (feitor) – abegoa;alcaide (antigo governador) – alcaidessa, alcaidina;aldeão – aldeã;cantatriz;castelão (dono do castelo) – castelã;catalão – catalã;cavaleiro – cavaleira, amazona;charlatão – charlatã;coimbrão – coimbrã;cônsul – consulesa;comarcão – comarcã;cônego – canonisa;czar – czarina;deus – deusa, déiadiácono (clérigo) – diaconisa;doge (antigo magistrado) – dogesa;druida – druidesa;elefante – elefanta e aliá (Ceilão);embaixador – embaixadora e embaixatriz;ermitão – ermitoa, ermitã;faisão – faisoa (Cegalla), faisã;hortelão (trata da horta) – horteloa;javali – javalina;ladrão – ladra, ladroa, ladrona;felá (camponês) – felaína;flâmine (antigo sacerdote) – flamínica;frade – freira;frei – sóror;gigante – giganta;grou – grua;lebrão – lebre;maestro – maestrina;maganão (malicioso) – magana;melro – mélroa;mocetão – mocetona;oficial – oficiala;padre – madre;papa – papisa;pardal – pardoca, pardaloca, pardaleja;parvo – párvoa;peão – peã, peona;perdigão – perdiz;prior – prioresa, priora;mu ou mulo – mula;rajá – rani;rapaz – rapariga;rascão (desleixado) – rascoa;sandeu – sandia;sintrão – sintrã;sultão – sultana;tabaréu – tabaroa;varão – matrona, mulher;veado – veada;vilão – viloa, vilã.
Substantivos em -ÃO e seus plurais:
alão – alões, alãos, alães;aldeão – aldeãos, aldeões;capelão – capelães;castelão – castelãos, castelões;cidadão – cidadãos;cortesão – cortesãos;ermitão – ermitões, ermitãos, ermitães;escrivão – escrivães;folião – foliões;hortelão – hortelões, hortelãos;pagão – pagãos;sacristão – sacristães;tabelião – tabeliães;tecelão – tecelões;verão – verãos, verões;vilão – vilões, vilãos;vulcão – vulcões, vulcãos.
Alguns substantivos que sofrem metafonia no plural:
abrolho, caroço, corcovo, corvo, coro, despojo, destroço, escolho, esforço, estorvo, forno, forro, fosso, imposto, jogo, miolo, poço, porto, posto, reforço, rogo, socorro, tijolo, toco, torno, torto, troco.
Substantivos só usados no plural:
anais, antolhos, arredores, arras (bens, penhor), calendas (1º dia do mês romano), cãs (cabelos brancos), cócegas, condolências, damas (jogo), endoenças (solenidades religiosas), esponsais (contrato de casamento ou noivado), esposórios (presente de núpcias), exéquias (cerimônias fúnebres), fastos (anais), férias, fezes, manes (almas), matinas (breviário de orações matutinas), núpcias, óculos, olheiras, primícias (começos, prelúdios), pêsames, vísceras, víveres etc., além dos nomes de naipes.
Coletivos:
  • alavão – ovelhas leiteiras;
  • armento – gado grande (búfalos, elefantes);
  • assembléia (parlamentares, membros de associações);
  • atilho – espigas;
  • baixela – utensílios de mesa;
  • banca – de examinadores, advogados;
  • bandeira – garimpeiros, exploradores de minérios;
  • bando – aves, ciganos, crianças, salteadores;
  • boana – peixes miúdos;
  • cabido – cônegos (conselheiros de bispo);
  • cáfila – camelos;
  • cainçalha – cães;
  • cambada – caranguejos, malvados, chaves;
  • cancioneiro – poesias, canções;
  • caterva – desordeiros, vadios;
  • choldra, joldra – assassinos, malfeitores;
  • chusma – populares, criados;
  • conselho – vereadores, diretores, juízes militares;
  • conciliábulo – feiticeiros, conspiradores;
  • concílio – bispos;
  • canzoada – cães;
  • conclave – cardeais;
  • congregação – professores, religiosos;
  • consistório – cardeais;
  • fato – cabras;
  • feixe – capim, lenha;
  • junta – bois, médicos, credores, examinadores;
  • girândola – foguetes, fogos de artifício;
  • grei – gado miúdo, políticos;
  • hemeroteca – jornais, revistas;
  • legião – anjos, soldados, demônios;
  • malta – desordeiros;
  • matula – desordeiros, vagabundos;
  • miríade – estrelas, insetos;
  • nuvem – gafanhotos, pó;
  • panapaná – borboletas migratórias;
  • penca – bananas, chaves;
  • récua – cavalgaduras (bestas de carga);
  • renque – árvores, pessoas ou coisas enfileiradas;
  • réstia – alho, cebola;
  • ror – grande quantidade de coisas;
  • súcia – pessoas desonestas, patifes;
  • talha -lenha;
  • tertúlia – amigos, intelectuais;
  • tropilha – cavalos;
  • vara – porcos.
Substantivos compostos:
Os substantivos compostos formam o plural da seguinte maneira:
  • sem hífen formam o plural como os simples (pontapé/pontapés);
  • caso não haja caso específico, verifica-se a variabilidade das palavras que compõem o substantivo para pluralizá-los. São palavras variáveis: substantivo, adjetivo, numeral, pronomes, particípio. São palavras invariáveis: verbo, preposição, advérbio, prefixo;
  • em elementos repetidos, muito parecidos ou onomatopaicos, só o segundo vai para o plural (tico-ticos, tique-taques, corre-corres, pingue-pongues);
  • com elementos ligados por preposição, apenas o primeiro se flexiona (pés-de-moleque);
  • são invariáveis os elementos grão, grã e bel (grão-duques, grã-cruzes, bel-prazeres);
  • só variará o primeiro elemento nos compostos formados por dois substantivos, onde o segundo limita o primeiro elemento, indicando tipo, semelhança ou finalidade deste (sambas-enredo, bananas-maçã)
  • nenhum dos elementos vai para o plural se formado por verbos de sentidos opostos e frases substantivas (os leva-e-traz, os bota-fora, os pisa-mansinho, os bota-abaixo, os louva-a-Deus, os ganha-pouco, os diz-que-me-diz);
  • compostos cujo segundo elemento já está no plural não variam (os troca-tintas, os salta-pocinhas, os espirra-canivetes);
  • palavra guarda, se fizer referência a pessoa varia por ser substantivo. Caso represente o verbo guardar, não pode variar (guardas-noturnos, guarda-chuvas).

Tipos de discursos ( TIPOLOGIA TEXTUAL)


Discurso direto, discurso indireto e discurso indireto livre são três conceitos clássicos, amplamente estudados pela gramática tradicional, que designam três modos de reportar ou citar um ato de enunciação. Segue-se uma descrição sucinta de cada um dos processos.

Discurso Direto: processo de citação de uma voz que é introduzido por um verbo declarativo (como: dizer, afirmar,declarar, responder, confessar, indagar, continuar, replicar, perguntar etc.) e assinalado graficamente por dois pontos seguidos de mudança de linha e de um travessão para marcar que se trata de outra fala, como no exemplo seguinte:

"Virgília ouvia-me calada; depois disse:- Não escaparíamos talvez; ele iria ter comigo e matava-me do mesmo modo."Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas

Existem outras possibilidades gráficas de marcar o discurso direto, como o uso de aspas, o uso do travessão ou até acolocação do enunciado entre vírgulas, seguido de um verbo declarativo.
"- Quer comprar alguma coisa? disse ela estendendo-me a mão."Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas
"(...) oito dias depois, como se eu estivesse no caminho de Damasco, ouvi uma voz misteriosa, que me sussurrou aspalavras da Escritura (Act., IX, 17) «Levanta-te, e entra na cidade»."Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas

O discurso direto é uma operação que confere ao discurso a vivacidade e naturalidade típicas da oralidade, pelo recurso as interjeições, exclamações, vocativos e interrogações diretas, entre muitos outros elementos. 

Discurso Indireto: processo enunciativo em que um locutor incorpora outra voz diferente da sua, a voz de um enunciador. Em literatura, pode dizer-se que é um processo em que o narrador incorpora a voz de uma personagem. As falas do enunciador são também introduzidas por um verbo declarativo,  que aparecem sob a forma de uma frase completiva, como no exemplo seguinte:
"Alcancei-a a poucos passos, e jurei-lhe por todos os santos do céu que eu era obrigado a descer, mas que não deixava de lhe querer e muito; tudo hipérboles frias que ela escutou sem dizer nada."Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas

O discurso indireto implica uma transposição ao nível da dêixis pessoal, temporal e espacial que está bem documentada nas gramáticas escolares e prescritivas. Seguem-se alguns exemplos desta transposição: 
  •  Pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos na 1.ª e 2.ª pessoas gramaticais no discurso direto passam à 3.ª pessoa no discurso indireto;
  •  Verbos no Presente no discurso direto passam a Pretérito Imperfeito no discurso indireto;
  •  Verbos no Pretérito Perfeito no discurso direto passam a Pretérito Mais-que-Perfeito no discurso indireto;
  • Verbos no Imperativo no discurso direto passam a Conjuntivo no discurso indireto
  •  Advérbio de lugar <aqui> no discurso direto passa a <ali> no discurso indireto

Discurso Indireto Livre: Operação enunciativa, corrente apenas na literatura mais recente, em que a voz do narrador e a voz do personagem se confundem, sendo uma espécie de interseção   entre o discurso direto e o discurso indireto.Trata-se do ato de enunciação mais difícil de analisar em termos tradicionais, sendo por isso um tipo de enunciação muito estudado em análise do discurso, que o integra num tipo de discurso relatado.

Tradicionalmente,apresentam- as seguintes características: é um enunciado livre de subordinação sintática, não possuindo, portanto, as conjunções integrantes típicas do discurso indireto, o que permite aproximá-lo do discurso direto, mas apresenta transposições ao nível da dêixis pessoa, temporal e espacial que são típicas do discurso indireto. Veja-se o seguinte exemplo:

"O marquês e D. Diogo, sentados no mesmo sofá, um com a sua chazada de inválido, outro com um copo de St. Emilion,a que aspirava o bouquet, falavam também de Gambetta. O marquês gostava de Gambetta: fora o único que durante guerra mostrara ventas de homem; lá que tivesse «comido» ou que «quisesse comer» como diziam – não sabia nem lhe importava. Mas era teso! E o Sr. Grevy também lhe parecia um cidadão sério, ótimo para chefe de ..." 
Eça de Queirós, Os Maias


Estas operações enunciativas conheceram um tratamento especial no quadro da análise do discurso, especificamente à luz do conceito de polifonia, o que conduziu a uma renomeação terminológica. Assim, a reprodução de outras falas passou ser designada por discurso relatado (do francês, discours rapporté), termo que inclui o discurso direto, discurso indireto, o discurso indireto livre e uma quarta forma, o discurso direto livre, além de outras   formas híbridas fenômenos   de modalização, itálico, alusões, citações várias, etc.