segunda-feira, 19 de março de 2012

DICAS BÁSICAS DE ELABORAR UM BOM TEXTO


 A internet nos oferece tantas oportunidades, tanta gente escrevendo sobre tantos assuntos, que cada um se vê na vontade de publicar algo também. A pessoa que sempre cozinhou para os amigos e descobre um site de culinária de sucesso acaba pensando ” por que não? Se ele pode eu também posso”. Acho muito saudável e todos têm direito a isso. Só que outra característica da internet é a de eternizar tudo o que dizemos. Tudo o que foi publicado pode ser resgatado, sempre há a possiblidade de se responder por algo escrito há muitos anos. Por isso acredito que, antes de publicar, é preciso filtrar o conteúdo. Lançar algo imaturo para a publicação pode ser mais prejudicial do que benéfico ao autor. É melhor esperar do que projetar uma imagem negativa. É melhor se abster de escrever, se:

1. Você não domina a linguagem escrita

Lamento, mas é a mais pura verdade. Ninguém levará a sério um autor que escreva “quizer”, por melhor que sejam as suas idéias.  Aliás, os erros de escrita chamarão tanto atenção que ninguém saberá  que ele possui boas idéias. E quando falo em domínio da linguagem escrita, falo de coisas básicas como erros gramaticais até a construção de frases com pontuação correta e parágrafos com uma linha de raciocínio. Como se não bastasse o conteúdo parar em sites com pérolas da internet, o autor tornará ridículo justamente o que procurava defender.

2. Você possui uma única fonte de informação

Por melhor que seja um site, um grande autor ou um livro, ele não pode ser a única fonte de inspiração. No máximo, pode render uma crítica ou alguns textos. E, mesmo nesse caso, talvez seja mais interessante indicá-lo do que escrever sobre. Quem baseia suas opiniões numa única fonte não tem muito a dizer, só está repassando; dependendo da maneira como esse repasse é feito, fica muito próximo do plágio. Sendo a fonte primária tão boa, não é preciso que mais alguém diga a mesma coisa.

3. Você não tem experiência pessoal com o assunto

É complicado escrever algo sobre a qual apenas se ouviu dizer. O risco de dizer alguma bobagem é muito grande. Por mais que uma opinião pareça correta e óbvia, por mais que a lógica pareça apontar numa direção, ter uma experiência com o assunto sempre é melhor. O contato elimina intermediários, interfere na própria maneira como somos, gera impressões que não estão nos livros. Por isso, nada supera a experiência pessoal. Se o que você tem a dizer é emprestado do que outras pessoas viveram, elas são as melhores fontes de conhecimento.

4. Você possui informações desatualizadas

Por outro lado, mesmo experiências pessoais têm data de validade. Ter tido contato com um assunto não o torna apto a falar dele durante toda a sua vida. Desde então, novas abordagens podem ter sido descobertas, as relações podem ter mudado; se muita coisa mudou, é como se fosse um assunto novo, praticamente desconhecido.Verifique se o que você ainda tem a dizer já não mudou a ponto de não ser mais usável. O que é passado pra você é o presente de outros – talvez eles tenham mais a dizer.

5. Você não saberia defender seus argumentos numa discussão

Para qualquer coisa que escrevemos, estamos sujeitos a críticas. Na internet, isso se intensifica porque não é possível filtrar leitores. É importante estar pronto para defender o que disse, ser capaz de apresentar novos argumentos. Quando estamos certos do caminho que fizemos até aquelas conclusões, se elas estão bem fundamentadas, a possibilidade de defendê-las acontece naturalmente. Se não, é sinal de que o conteúdo está fraco, que foi construído sem base. Melhor nem começar.

6. Você não consegue sustentar sua posição durante muito tempo

Se você se coloca como partidário de uma posição política, ou profundo conhecedor, ou estudioso de alguma coisa, deve ser capaz de sustentar essa posição. Pode ser fácil enganar leigos e durante pouco tempo; tenha em mente que pessoas da mesma área de conhecimento podem lê-lo. O que você tem a dizer resiste a uma leitura mais apurada? Se não, talvez o seu conhecimento seja adequado apenas ao seu dia a dia. Ao se propor a representar uma idéia, é preciso ir um pouco além do básico.

7. Quase tudo o que você tem a dizer são suposições

Não existe nenhum problema em ter opiniões baseadas em impressões vagas ou suposições quando estamos entre amigos ou numa conversa descontraída. Mas, na medida em que essas idéias são colocadas por escrito, automaticamente estamos nos responsabilizando, fazendo com que elas nos representem. Uma opinião irresponsável pode ajudar a difundir meias-verdades e consolidar preconceitos. Se não puder falar algo construtivo, é preferível deixar o assunto para quem realmente entenda.

8. O texto não foi revisado

Insisto na tecla da revisão porque nem sempre é possível mudar o que foi publicado. Um texto publicado cheio de erros eternizará uma imagem de ignorância ou desleixo. Idéias mal redigidas podem passar a imagem de alguém que não sabe se expressar direito ou não tem domínio do assunto. Escrever um monte de besteiras pode atrapalhar oportunidades futuras. O texto é você, é a você que ele representa. Cuide do que tem o seu nome.

RESUMINDO!!!

O resumo é uma daquelas coisas que parecem simples e não são. Quantas vezes não lemos um resumo de um filme ou livro, e quando finalmente temos a oportunidade de conferir, ele não tem nada a ver com o que foi descrito? Escrever um bom resumo é uma arte. Um bom resumo é o que consegue passar para o leitor exatamente o que esperar de uma obra. Logo, para escrever um bom resumo, seu autor deve realmente ter entendido o conteúdo. De onde eu tiro a primeira conclusão: para resumir, você precisa saber do que está falando.
Sabe quando você está com pressa e precisa dizer tudo em poucas palavras, às vezes em uma única frase? Esse é um resumo. Ao reduzir o conteúdo a ponto de caber tudo num pequeno número de palavras, você escolhe o que havia de mais importante. Todas as coisas que acontecem, tudo o que foi descrito, todos os vai-e-vens formam um caminho pra transmitir a idéia principal. Mesmo quando é uma obra que mostra a visão de vários autores, existe algo que norteou a escolha dos assuntos, um fio condutor. O resumo transmite ao leitor a essência da obra.
Muitas pessoas confundem resumo com análise. O resumo é uma simplificação. O objetivo do resumo é transmitir ao leitor uma idéia sobre a obra, fazer uma apresentação. A análise ocupa mais espaço, ela apresenta uma discussão. Aí sim é possível destacar trechos, discordar, deixar claro que a sua posição é diferente da do autor. A não ser que seja pedido, no resumo é preciso resistir ao desejo de colocar sua opinião pessoal; atenha-se ao que está na obra.
Ao escrever um resumo, o autor precisa deixar muitas informações de lado porque um resumo não precisa explicar tudo. O obra terá uma sequencia de acontecimentos, descrições de personagens, exemplos ou desenrolar de raciocínio que não necessariamente farão falta na descrição. O resumo não substitui a obra, as informações detalhadas estão nelas e não precisam ser repetidas. Ele apenas cria um interesse. Ter contato apenas com o resumo pode deixar as coisas um pouco vagas, mas esse não é um problema. Quem quiser entender em profundidade precisará (e buscará) o original.
 

ALMA DE ARTISTA

O processo de criação  de  um artista costuma despertar grande curiosidade por parte dos que admiram o seu trabalho.
Fãs adoram esquadrinhar a vida de seus autores prediletos para entender de onde vêm aquelas maravilhas que significam tanto para eles.
Gênios tem seus cérebros medidos e dissecados, seus originais publicados, seus rascunhos emoldurados, suas referências revisitadas.
Queremos saber o que é criar parar um artista. Como cria um gênio? Acreditamos que, ao descobrir seus métodos, poderemos ser iguais a eles.
Isso fez com que grandes pensadores se dedicassem a esse tema.
Skinner, um importante psicólogo e pesquisador americano, compara o processo de criação de um poema a uma mãe dando a luz em sua palestra “Having a Poem” (cujo título pode ser traduzido como “concebendo um poema”). Destaco uma das conclusões do texto acerca do comportamento que consideramos original:
Por meio da análise das histórias genéticas e individuais responsáveis pelo nosso comportamento, poderemos aprender como podemos ser mais originais. Isso não consiste em pensar em novas formas de comportamento, mas em como criar um ambiente em que estas novas formas sejam mais prováveis de acontecer. (tradução livre)
É por isso que queremos saber como um poeta cria. Mais do que admirar a genialidade de um autor, o que  torna interessante o processo de criação é poder recriar esse ambiente em que o comportamento genial ocorre. Nas palavras de Skinner:
Nós podemos construir um mundo em que cada homem e cada mulher poderá ser um poeta melhor, um melhor artista, um melhor compositor, um melhor romancista, um melhor estudioso, um bom cientista – em uma palavra, pessoas melhores. Assim, poderemos em pouco tempo ter um mundo melhor.
Skinner foi taxado de utópico porque acreditava que o mundo poderia ser melhor com ajuda de um profundo conhecimento do comportamento humano produzido por uma ciência do comportamento. E esses estudos incluíam as atividades artísticas e criatiavas.
Felizmente alguns autores nos descreveram os seus processos de criação. Drummond, por exemplo, falou sobre a necessidade de ter paciência em seu poema A Procura da Poesia.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Fernando Sabino, no livro O Tabuleiro de Damas, nos brinda com a descrição de um  dos princípios que norteiam o seu trabalho.
Acredito que escrever seja, basicamente, cortar. Cortar o supérfluo. Eliminar repetições, ecos, rimas, cacófatos, redundâncias, lugares-comuns. Mas principalmente o excesso: como diz Otto (ou Unamuno, não me lembro), é preciso não duvidar da inteligência do leitor. (…)
Benett, no post Um Monte de Idéias, fala da quantidade de rascunhos que muitas vezes são necessários para que ele consiga desenhar e escrever uma única charge. O post é ilustrado com alguns dos seus rascunhos.
O processo de criação envolve uma série de fatores ainda não completamente descritos.
Seu conhecimento talvez possa trazer benefícios a produção artística humana.
O que você acha?
Quais são os caminhos da sua própria criação?

ESCREVER NO OCULTO

Muito pode ser dito sobre escrever, como melhorar a escrita, as vantagens de escrever bem. Para a maioria das pessoas, escrever bem é uma necessidade imposta. Para outros, escrever é uma necessidade profunda. Se bem ou mal, se é para publicar ou não, são questões menores; o importante é escrever, é colocar no papel, não deixar que as palavras cozinhem dentro de si.
Um dos grandes representantes da literatura americana, Truman Capote, era um desses apaixonados. No Brasil ele não tem o reconhecimento que merece. Dele conhecemos A Bonequinha de Luxo, com Audrey Hepburn, baseada em um dos seus contos. Os que ouviram um pouco mais sabem que ele escreveu A sangue frio, que inaugurou o gênero – é um romance policial excepcional e ao mesmo tempo um trabalho jornalístico. Da figura cultuada que frequentava as melhores festas, nos chegam ecos nas suas biografias e no filme Capote.
O que me chama atenção na vida de Capote era a certeza que ele sempre teve do seu destino ligado à escrita. Ainda criança ele tinha cadernos, onde narrava infinitas histórias, e se dedicava a lapidar cada vez mais o seu estilo. Em poucas palavras, na introdução do livro Música para Camaleões, ele resume o sentimento de todos os que amam escrever:
Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação.
Quem ama escrever não precisa ser incitado a escrever, reescrever, criticar e corrigir. Isso se faz sozinho.

domingo, 18 de março de 2012

Download de livros:" MAIS DE 2000 OBRAS"


Download de livros: 2.000 obras



Estou disponibilizando livros para baixar grátis, originários do portal Domínio Público.
Aquele site, do Governo Federal, fornece diversos livros que já estão com direitos autorais liberados.
Aos poucos, estou passando os livros para o Livros e Afins.
Assim, mesmo que o Domínio Público deixe de existir, você terá uma outra opção para baixar os livros.
Eles estão por ordem de maior procura: os mais populares primeiro e os menos populares por último.
Portanto, para procurar POR ORDEM ALFABÉTICA vá até o site Domínio Público.
Como ainda não transferi todos os livros, no final da lista há um link para a fonte, onde você pode encontrar o restante das obras disponíveis.

  1. A Divina Comédia - Dante Alighieri
  2. Poemas de Fernando Pessoa - Fernando Pessoa
  3. Mensagem - Fernando Pessoa
  4. Dom Casmurro - Machado de Assis
  5. Poesias Inéditas - Fernando Pessoa
  6. A Cartomante - Machado de Assis
  7. Cancioneiro - Fernando Pessoa
  8. Do Livro do Desassossego - Fernando Pessoa
  9. A Carteira - Machado de Assis
  10. O Pastor Amoroso – Fernando Pessoa
  11. A Igreja do Diabo – Machado de Assis
  12. Os Lusíadas – Luís de Camões
  13. A Carta – Pero Vaz de Caminha
  14. O Guardador de Rebanhos – Fernando Pessoa
  15. Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
  16. A Metamorfose - Franz Kafka
  17. Este mundo da injustiça globalizada - José Saramago
  18. Americanas - Machado de Assis
  19. A Cidade e as Serras - José Maria Eça de Queirós
  20. A Mão e a Luva - Machado de Assis
  21. A Volta ao Mundo em 80 Dias - Júlio Verne
  22. O Alienista - Machado de Assis
  23. A Esfinge sem Segredo - Oscar Wilde
  24. Poemas Inconjuntos - Fernando Pessoa
  25. Auto da Barca do Inferno - Gil Vicente
  26. Poemas de Álvaro de Campos - Fernando Pessoa
  27. O Banqueiro Anarquista - Fernando Pessoa
  28. Arte Poética - Aristóteles
  29. A Causa Secreta - Machado de Assis
  30. A Moreninha - Joaquim Manuel de Macedo
  31. Iracema - José de Alencar
  32. Édipo-Rei - Sófocles
  33. Os Sertões - Euclides da Cunha
  34. O Cortiço - Aluísio Azevedo
  35. Senhora - José de Alencar
  36. A Ela - Machado de Assis
  37. Catálogo de Autores Brasileiros com a Obra em Domínio Público - Fundação Biblioteca Nacional
  38. Poemas em Inglês - Fernando Pessoa
  39. Poemas Selecionados - Florbela Espanca
  40. Os Maias - José Maria Eça de Queirós
  41. Dom Casmurro - Machado de Assis
  42. Poemas de Álvaro de Campos - Fernando Pessoa
  43. Fausto - Johann Wolfgang von Goethe
  44. A Alma Encantadora das Ruas - João do Rio
  45. A Igreja do Diabo - Machado de Assis
  46. Utopia - Thomas Morus
  47. Auto da Barca do Inferno - Gil Vicente
  48. Adão e Eva - Machado de Assis
  49. Poemas de Álvaro de Campos - Fernando Pessoa
  50. Canção do Exílio - Antônio Gonçalves Dias
  51. O Guarani - José de Alencar
  52. A Escrava Isaura - Bernardo Guimarães
  53. Pai Contra Mãe - Machado de Assis
  54. Iracema - José de Alencar
  55. A Dama das Camélias - Alexandre Dumas
  56. Poemas de Ricardo Reis - Fernando Pessoa
  57. Don Quixote. Vol. 1 - Miguel de Cervantes Saavedra
  58. Eu - Augusto dos Anjos
  59. O Primo Basílio - José Maria Eça de Queirós
  60. Sonetos - Luís Vaz de Camões
  61. A Pianista - Machado de Assis
  62. O Espelho - Machado de Assis
  63. Eu e Outras Poesias - Augusto dos Anjos
  64. Alma inquieta - Olavo Bilac
  65. Quincas Borba - Machado de Assis
  66. Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
  67. O Crime do Padre Amaro - José Maria Eça de Queirós
  68. Primeiro Fausto - Fernando Pessoa
  69. A Chinela Turca - Machado de Assis
  70. Poemas de Ricardo Reis - Fernando Pessoa
  71. Memórias de um Sargento de Milícias - Manuel Antônio de Almeida
  72. Os Lusíadas - Luís Vaz de Camões
  73. Amor de Perdição - Camilo Castelo Branco
  74. O que é o Casamento? - José de Alencar
  75. A Mulher de Preto - Machado de Assis
  76. A Vida Eterna - Machado de Assis
  77. Esaú e Jacó - Machado de Assis
  78. Os Maias - José Maria Eça de Queirós
  79. O Navio Negreiro - Antônio Frederico de Castro Alves
  80. Contos Fluminenses - Machado de Assis
  81. A Segunda Vida - Machado de Assis
  82. Cartas D’Amor - José Maria Eça de Queirós
  83. A Mensageira das Violetas - Florbela Espanca
  84. A Herança - Machado de Assis
  85. Amor de Perdição - Camilo Castelo Branco
  86. Os Sertões - Euclides da Cunha
  87. Helena - Machado de Assis
  88. As Vítimas-Algozes - Joaquim Manuel de Macedo
  89. O Cortiço - Aluísio Azevedo
  90. As Primaveras - Casimiro de Abreu
  91. O Livro da Lei - Aleister Crowley
  92. A chave - Machado de Assis
  93. Adão e Eva - Machado de Assis

COMO CRIAR ESTILOS


Como diria aquela piada, estilo é como braço: alguns tem e outros não tem. O estilo é aquilo que faz com que você reconheça o autor, ou diga que se parece com um autor, mesmo sem saber quem é a pessoa por detrás. Conseguir ter um estilo, num mundo onde existem tantas opções, já é um mérito. Você pode não gostar de uma obra e mesmo assim reconhecer o estilo do artista. Feio ou bonito, um Picasso é reconhecido até por quem não gosta dos seus quadros.
Por ser tão importante, o estilo costuma ser uma busca. Logo de início o escritor – ou o músico, o pintor, o escultor, o bailarino, o chef de cozinha, etc – pode ver que tem facilidade em alguma coisa e determinar que aquele é seu estilo. E a partir daí, querer fazer tudo sempre na mesma direção e ter receio de mudar, com medo de não ser mais reconhecido pelo seu público ou que isso seria uma traição ao que ele faz. É uma maneira de ver as coisas.
Eu encaro o estilo de maneira diferente. Acho que o estilo é aquilo que o artista é; quem a gente é não muda com facilidade. Em todas as atividades, fazendo coisas diferentes e experimentando coisas diferentes, existirá sempre a sua maneira única de ver as coisas e comunicá-las. Sendo assim, não acho que seja preciso escolher um estilo. Acho que o estilo aparece sozinho, é aquilo que a pessoa não consegue evitar porque é ela mesma . Por isso, ao invés de limitar suas escolhas em nome de um estilo, acredito que o artista deve tentar o máximo possível em termos de técnicas, temas, formas e experiências. Isso enriquecerá sua produção e lhe dará um estilo mais amplo.
Não se limite. Ser um ser humano já é limite o suficiente.                                       (A.D)
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Quem escreve geralmente tem um diário, um caderno de impressões, um arquivo ou alguma forma de lançar ideias. Cartas – sejam elas escritas em papéis ou digitadas – podem ser tão interessantes que dá uma certa dó pensar que apenas uma pessoa no mundo – o destinatário – irá lê-las.
Sem exagero, algumas interações virtuais totalmente despretenciosas podem ser verdadeiras pérolas, com frases de efeito, pensamentos profundos, sacadas geniais de humor.
Como um criador que tem orgulho da sua criatura, não é incomum que uma pessoa acabe realmente publicando o que a princípio não era para ser lido. Pessoas que copiam e colam suas conversas de MSN, trazem textos antigos à tona, publicam e-mails. Às vezes dá certo, outras vezes não.
O meio em que escrevemos e o leitor que temos em mente na hora que escrevemos determina o conteúdo da nossa escrita. Sempre, inevitavelmente.
Os meios por terem limites de caracteres, por terem uma forma própria de diagramação, a possibilidade de “curtir”, um tempo longo ou curto até ser recebido, a privacidade de ser lido apenas uma pessoa ou por várias.
Em chats, usamos frases curtas e rápidas, para não perder o fio da conversa, enquanto em posts há a possibilidade de corrigir infinitamente antes de deixar os outros verem.
Publicar num mural do facebook não é o mesmo que publicar num mural de verdade, que não é a mesma coisa que escrever um bilhete, e por aí vai.
O leitor é determinante porque dele imaginamos as referências. Se achamos que o nosso leitor é burro, simplificaremos a mensagem; se ele compartilha conosco várias experiências e maneiras de ver o mundo, podemos aludir vagamente algumas idéias com a certeza de que seremos bem interpretados; se é um leitor desconhecido, colocaremos a prudente máscara social pela qual queremos ser vistos; se é o nosso amor, podemos escrever ridículas cartas de amor…
Misturar esses meios é misturar referências, e nem sempre isso rende um bom texto. Piadas, conversas ou tiradas geniais entre amigos podem ser muito interessantes entre eles, mas não me interessam. Um texto, para merecer ser chamado de texto, precisa ter início, meio e fim. Ele precisa conter uma idéia e ter o mínimo de acessibilidade.
Se o texto só pode ser entendido por quem conhece o autor e sua história de vida, ou por quem já tomou umas cervejas com ele, algo está errado. Uma vez escrito, um texto é uma realidade independente – não dizemos que uma obra é duradoura justamente quando tem a capacidade de falar a muitas pessoas, em países e épocas diferentes?
Por isso eu defendo que se escreva pensando no leitor. Se o texto for o enxerto de algo pessoal, que se leve em conta que o meio mudou e se façam as alterações necessárias. Querer ser um escritor de suas memórias, suas conversas com os amigos, suas cartas pessoais e seu mundo não é querer ser exatamente escritor…