quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Tipos de discursos ( TIPOLOGIA TEXTUAL)


Discurso direto, discurso indireto e discurso indireto livre são três conceitos clássicos, amplamente estudados pela gramática tradicional, que designam três modos de reportar ou citar um ato de enunciação. Segue-se uma descrição sucinta de cada um dos processos.

Discurso Direto: processo de citação de uma voz que é introduzido por um verbo declarativo (como: dizer, afirmar,declarar, responder, confessar, indagar, continuar, replicar, perguntar etc.) e assinalado graficamente por dois pontos seguidos de mudança de linha e de um travessão para marcar que se trata de outra fala, como no exemplo seguinte:

"Virgília ouvia-me calada; depois disse:- Não escaparíamos talvez; ele iria ter comigo e matava-me do mesmo modo."Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas

Existem outras possibilidades gráficas de marcar o discurso direto, como o uso de aspas, o uso do travessão ou até acolocação do enunciado entre vírgulas, seguido de um verbo declarativo.
"- Quer comprar alguma coisa? disse ela estendendo-me a mão."Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas
"(...) oito dias depois, como se eu estivesse no caminho de Damasco, ouvi uma voz misteriosa, que me sussurrou aspalavras da Escritura (Act., IX, 17) «Levanta-te, e entra na cidade»."Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas

O discurso direto é uma operação que confere ao discurso a vivacidade e naturalidade típicas da oralidade, pelo recurso as interjeições, exclamações, vocativos e interrogações diretas, entre muitos outros elementos. 

Discurso Indireto: processo enunciativo em que um locutor incorpora outra voz diferente da sua, a voz de um enunciador. Em literatura, pode dizer-se que é um processo em que o narrador incorpora a voz de uma personagem. As falas do enunciador são também introduzidas por um verbo declarativo,  que aparecem sob a forma de uma frase completiva, como no exemplo seguinte:
"Alcancei-a a poucos passos, e jurei-lhe por todos os santos do céu que eu era obrigado a descer, mas que não deixava de lhe querer e muito; tudo hipérboles frias que ela escutou sem dizer nada."Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas

O discurso indireto implica uma transposição ao nível da dêixis pessoal, temporal e espacial que está bem documentada nas gramáticas escolares e prescritivas. Seguem-se alguns exemplos desta transposição: 
  •  Pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos na 1.ª e 2.ª pessoas gramaticais no discurso direto passam à 3.ª pessoa no discurso indireto;
  •  Verbos no Presente no discurso direto passam a Pretérito Imperfeito no discurso indireto;
  •  Verbos no Pretérito Perfeito no discurso direto passam a Pretérito Mais-que-Perfeito no discurso indireto;
  • Verbos no Imperativo no discurso direto passam a Conjuntivo no discurso indireto
  •  Advérbio de lugar <aqui> no discurso direto passa a <ali> no discurso indireto

Discurso Indireto Livre: Operação enunciativa, corrente apenas na literatura mais recente, em que a voz do narrador e a voz do personagem se confundem, sendo uma espécie de interseção   entre o discurso direto e o discurso indireto.Trata-se do ato de enunciação mais difícil de analisar em termos tradicionais, sendo por isso um tipo de enunciação muito estudado em análise do discurso, que o integra num tipo de discurso relatado.

Tradicionalmente,apresentam- as seguintes características: é um enunciado livre de subordinação sintática, não possuindo, portanto, as conjunções integrantes típicas do discurso indireto, o que permite aproximá-lo do discurso direto, mas apresenta transposições ao nível da dêixis pessoa, temporal e espacial que são típicas do discurso indireto. Veja-se o seguinte exemplo:

"O marquês e D. Diogo, sentados no mesmo sofá, um com a sua chazada de inválido, outro com um copo de St. Emilion,a que aspirava o bouquet, falavam também de Gambetta. O marquês gostava de Gambetta: fora o único que durante guerra mostrara ventas de homem; lá que tivesse «comido» ou que «quisesse comer» como diziam – não sabia nem lhe importava. Mas era teso! E o Sr. Grevy também lhe parecia um cidadão sério, ótimo para chefe de ..." 
Eça de Queirós, Os Maias


Estas operações enunciativas conheceram um tratamento especial no quadro da análise do discurso, especificamente à luz do conceito de polifonia, o que conduziu a uma renomeação terminológica. Assim, a reprodução de outras falas passou ser designada por discurso relatado (do francês, discours rapporté), termo que inclui o discurso direto, discurso indireto, o discurso indireto livre e uma quarta forma, o discurso direto livre, além de outras   formas híbridas fenômenos   de modalização, itálico, alusões, citações várias, etc.



Organização sintática

Organização sintática

Organização sintática é a competência de que devemos dispor para estruturar os elementos de uma frase, de uma oração, de modo a conferir clareza ao discurso.


Ei, parece que você se sentiu surpreso (a) ao se deparar com o título expresso no assunto principal desse nosso encontro, não é verdade? Gostaríamos então que você não se sentisse assim, pois um convite temos a lhe fazer. Sabe qual? Acesse o texto “Conhecendo a diferença entre classe e função , pois as informações que lá se encontram são essenciais ao seu aprendizado. Saiba que não estamos tratando de nada inusitado, ou seja, nada que ainda não discutimos anteriormente. Assim, para início de conversa, obviamente que você sabe que existem as classes gramaticais, ou seja, aquelas dez: substantivo, adjetivo, pronome, verbo, etc., concorda?
Mas existem ainda as funções que elas desempenham quando estão inseridas em uma determinada oração, já que podem assumir diferentes papéis.  Entre eles a de sujeito, predicado, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo do sujeito, enfim, muitas são elas.
Assim, já que alguns conceitos foram relembrados, que tal analisarmos alguns exemplos para que assim possamos entender ainda mais, hein? Vamos lá???
A organização textual representa a habilidade de que dispomos para estruturar as frases e orações, de modo a torná-las claras e precisas

A organização textual representa a habilidade de que dispomos para estruturar as frases e orações, de modo a torná-las claras e precisas


Feliz, a garota entrou na sala de aula.
A garota entrou feliz na sala de aula.
A garota, feliz, entrou na sala de aula.
Perguntamos a você: Todos esses três enunciados linguísticos retratam a mesma ideia?
Certamente que sua reposta será positiva, haja vista que a ideia neles impressa é a mesma. Mas, então o que há de diferente?
Como você percebeu, a forma como estão dispostos os elementos em todos eles diversifica um pouco, você sabe por quê?
Ora, porque a nossa querida língua portuguesa nos possibilita a trabalhar, desde que tenhamos habilidade de organizar sintaticamente todos os elementos de uma oração, de forma distinta.
Assim, em todos os exemplos que nos deram suporte, constatamos que há a presença de um sujeito – a garota, de um predicado – entrou e de dois complementos – na sala e feliz.
Concluímos, após desenvolvermos esse agradável estudo, que a ideia continua sendo a mesma, mas a forma como os elementos se apresentaram dispostos é que se apresentou um pouco distinta.
Então não se esqueça de um importante detalhe: a organização sintática se caracteriza pelo modo como estruturamos os elementos de uma frase, de uma oração, de modo a tornar nosso discurso, objetivo, claro e preciso, ok? Sempre se lembrando de que para que isso ocorra se torna necessário também que tenhamos conhecimento das funções que uma determinada palavra desempenha dentro de uma oração.

Elementos para a comunicação


O homem, na comunicação, utiliza-se de sinais devidamente organizados, emitindo-os a uma outra pessoa. Há, então, um emissor e um receptor da mensagem, que é emitida a partir de diversos códigos de comunicação (palavras, gestos, desenhos, sinais de trânsito...). Qualquer mensagem precisa de um meio transmissor, o qual chamamos de canal de comunicação e refere-se a um contexto, a uma situação.


Emissor: o que emite a mensagem;
Receptor: o que recebe a mensagem;
Mensagem: o conjunto de informações transmitidas;
Código: a combinação de signos utilizados na transmissão de uma mensagem. A comunicação só se concretizará se o receptor souber decodificar a mensagem;
Canal de Comunicação: por onde a mensagem é transmitida: TV, rádio, jornal, revista, cordas vocais, ar...;
Contexto: a situação a que a mensagem se refere, também chamado de referente;
Ruído: Qualquer perturbação na comunicação.
Função Emotiva
Esta função ocorre quando se destaca o emissor. A mensagem centra-se nas opiniões, sentimentos e emoções do emissor, sendo um texto completamente subjetivo e pessoal. A ideia de destaque do locutor dá-se pelo emprego da 1ª pessoa do singular, tanto das formas verbais, quanto dos pronomes. A presença de interjeições, pontuação com reticências e pontos de exclamação também evidenciam a função emotiva ou expressiva da linguagem. Os textos que expressam o estado de alma do locutor, ou seja, que exemplificam melhor essa função, são os textos líricos, as autobiografias, as memórias, a poesia lírica e as cartas de amor. Essa é a função emotiva.
Exemplo:
Preciso, pelo amor de Deus, encontrar algo, nem que sejam cinco reais!
Poema da amiga aprendiz, Niara Fernanda.

Função Referencial

Função Interpelativa ou Conativa

Função Fática

Função Poética

Função Metalinguística



email: bella.araujo1@hotmail.com

Funções da linguagem



O emissor, ao transmitir uma mensagem, sempre tem um objetivo: informar algo, demonstrar seus sentimentos, convencer alguém a fazer algo, entre outros; consequentemente, a linguagem passa a ter uma função, que são as seguintes:


Obs.: Em um mesmo contexto, duas ou mais funções podem ocorrer simultaneamente: uma poesia em que o autor discorra sobre o que ele sente ao escrever poesias tem as linguagens poética, emotiva e metalinguística ao mesmo tempo.

Quando o objetivo do emissor é informar, ocorre a função referencial, também chamada de denotativa ou de informativa. São exemplos de função denotativa a linguagem jornalística e a científica. Por exemplo:

- Numa cesta de vime há um cacho de uvas, duas laranjas, dois limões, uma maçã verde, uma maçã vermelha e uma pera.

O texto acima tem por objetivo informar o que contém a cesta, portanto sua função é referencial.

 Ocorre a função conativa, ou apelativa, quando o emissor tenta convencer o receptor a praticar determinada ação. É comum o uso do verbo no Imperativo. Por exemplo:

- Compre aqui e concorra a este lindo carro
 É uma tentativa do emissor de convencer o receptor a praticar a ação de comprar ali.

 Quando o emissor demonstra seus sentimentos ou emite suas opiniões ou sensações a respeito de algum assunto ou pessoa, acontece a função emotiva, também chamada de expressiva. Por exemplo:
 - Nós o amamos muito!

 É a utilização do código para falar dele mesmo: uma pessoa falando do ato de falar, outra escrevendo sobre o ato de escrever, palavras que explicam o significado de outra palavra. Por exemplo:
 - Escrevo porque gosto de escrever. Ao passar as ideias para o papel, sinto-me realizado...

 A função fática ocorre quando o emissor quebra a linearidade de sua comunicação, a fim de observar se o receptor o entendeu. São perguntas como não é mesmo?, você está entendendo?, cê tá ligado?, ouviram?, ou frases como alô!, oi.

 É a linguagem das obras literárias, principalmente das poesias, em que as palavras são escolhidas e dispostas de maneira que se tornem singulares. Por exemplo:

CLÍMAX
No peito a mata
aperta o pranto
do olhar do louco
pra meia-lua.
O clímax da noite,
escorrendo orvalho como estrelas,
refletindo nas águas
da cachoeira gelada.
Cabeça caída, cabelos escorridos,
pelos eriçados pela emoção nativista.
Segurem as florestas, mãos fortes,
decididas!
Ficar o vazio é não ter a noite
é não ter o clímax.
O clímax da vida!
(Dílson Catarino)



Gêneros textuais

Os Gêneros textuais são as estruturas com que se compõe os textos, sejam eles orais ou escritos. Essas estruturas são socialmente reconhecidas, pois se mantêm sempre muito parecidas, com características comuns, procuram atingir intenções comunicativas semelhantes e ocorrem em situações específicas.
 Gênero Textual ou Gênero de Texto se refere às diferentes formas de expressão textual. Nos estudos da Literatura, temos, por exemplo, poesia, crônicas, contos, prosa, narrativa ,etc.
Para a Linguística, os gêneros textuais englobam estes e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também identificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o email, e tantos outros exemplares de gêneros que circulam em nossa sociedade.
Quanto à forma ou estrutura das sequências linguísticas encontradas em cada texto, podemos classificá-los dentro dos tipos textuais a partir de suas estruturas e estilos composicionais.
Schneuwly e Dolz publicaram um quadro onde as tipologias são cruzadas com os gêneros. Desse quadro é possível deduzir que é tão importante ensinar as tipologias quanto os gêneros. Para os dois autores, há cinco tipologias que é preciso considerar no ensino de língua. Cada uma dessas tipologias é mobilizada pelas pessoas que se comunicam em diferentes gêneros, mas cada gênero exige um maior ou menor domínio de cada uma delas. É importante considerar que usamos todas essas capacidades em gêneros diversos. Por exemplo, num conto, usamos predominantemente a capacidade de narrar, mas podemos colocar personagens discutindo um assunto, e então aparecerá a capacidade de argumentar.

Gêneros orais e escritos

Domínios sociais de comunicaçãoAspectos tipológicosCapacidade de linguagem dominanteExemplo de gêneros orais e escritos
Cultura Literária FiccionalNarrarMimeses de ação através da criação da intriga no dominio do verossímilConto de Fadas, fábula, lenda,narrativa de aventura, narrativa de ficção cientifica, narrativa de enigma, narrativa mítica, sketch ou história engraçada, biografia romanceada, romance, romance histórico, novela fantástica, conto, crônica literária, adivinha, piada
Documentação e 

Modos de organização do discurso e gêneros textuais


                                                                       

Descrição 
Apresentação de características de lugares, pessoas, coisas e costumes.
 Características 
  •  Proporciona a visualização de um elemento por meio de impressões sensoriais. 
  •  Pode ser objetiva: descreve-se apenas o objeto observado. 
  •  Pode ser subjetiva: descrevem-se as impressões sobre o objeto observado. 
  •  Ênfase na qualificação ou particularização do objeto. 
  •  A intenção é levar o receptor da mensagem a observar o objeto da mesma maneira.  

Gêneros textuais :Romance, novela, poema, verbete de dicionário, propagandas.

Narração
 Relato de acontecimentos ou fatos, reais ou imaginários, envolvendo ação e passagem de tempo.  Características :
  • Apresenta situação inicial, complicação, clímax e desenlace. 
  •  As relações de causa e efeito contribuem para a construção da trama. 
  •  A ordem dos relatos pode ser cronológica ou em media . (res)1
  •  Os elementos da narrativa são: narrador, personagens, espaço, tempo e enredo. 
  •  Predomínio de perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais que perfeito e futuro do pretérito. 

  Gêneros textuais : Contos, lendas, fábulas, novelas, romances, piadas, músicas, epopeias, cantigas de roda.

Exposição
 Apresentação impessoal de idéias, pensamentos, doutrinas.
 Características: 
  •  Organiza-se com a estrutura ideia principal, desenvolvimento e conclusão. 
  •  Uso de linguagem clara e objetiva. 
  • A intenção do autor é informar algo, analisar um fato. 
  •  Predomínio do presente do indicativo. 

 Gêneros textuais : Editoriais, livros didáticos, artigos científicos.

Argumentação
Apresentação de opinião sobre determinado assunto, com o objetivo de convencer o interlocutor.
 Características :

  •  Emprega justificativas para apoiar ou rechaçar uma tese. 
  •  Apresenta a seguinte estrutura básica: ideia 
  • principal, argumentos e ratificação da ideia 
  • principal. 
  •  O uso de verbos no subjuntivo visa a expressar a relação lógica entre as idéias. 
  • Pode empregar verbos no presente do indicativo como forma de indicar atemporalidade e certeza sobre o que se fala. 

 Gêneros textuais :Editoriais, sermões, propagandas.

1
 Media é uma expressão latina que significa “no meio da coisa”. Narrativa em media res é aquela iniciada não pelo início da 
história narrada, mas por algum fato relevante para o seu entendimento. Um bom exemplo é o romance Memória Póstumas de Brás Cubas, cujo narrador-personagem conta sua história a partir do momento de sua morte e não de seu nascimento. 

Injunção 
Instruções que explicam como realizar determinada ação
 Características :

  •  Dirige-se ao interlocutor por meio de comandos expressos por verbos no imperativo. 
  •  Apresenta uma sequência de enumeração dos elementos e procedimentos. 
  •  Linguagem clara, objetiva. 
  •  Procedimentos organizados na sequência em que devem ser realizados. 

  Gêneros textuais: Manuais, receitas culinárias, receitas médicas, bulas,regras de jogos, propagandas.

Diálogos 
Sequência de falas entre dois ou mais interlocutores.
Características: 

  •  Reprodução do ritmo da conversa. 
  • Pode reproduzir características de oralidade. 
  • Discurso direto. 
  • A pontuação remete à modalidade oral.
  •  Os sinais de pontuação são usados para representar espanto, interrogações, pausas de fala. 

Gêneros textuais: Romances, contos, novelas, entrevistas, textos teatrais.